quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Vem devagar, Imigrante!

Com o mês de Agosto, não só chegam as férias na Póvoa e as noites de borracheira no Hit e Buddha. . .chegam também as romarias um bocado por todo o lado e os seus princeipais frequentadores, os nossos grandes e inefáveis imigrantes espalhados pelo mundo.
Ao chegarem ao nosso país, provocam instantaneamente o alvoroço por onde passam. Quem nunca viu autênticos séquitos de gente a passear pela rua com os seus calções de fato-de-treino e camisola do benfica? Quem nunca ouviu, no meio da rua, algo do género : "Rémy, vien ici, meu desgraçado. Tu vas lever na cara! Je te fodo!" ou pura e simplesmente "Estão a ser bonnes, estas vacanças!". Bem, poderia continuar para sempre com estas preciosidades, mas o que me interessa mesmo é analisar o comportamento desta sub-espécie de Homo Sapiens Sapiens que se encontra em permanente mutação, directamente relacionada com o meio que habita e os longos caminhos que percorre de "voiture" para lá chegar.
A primeira coisa em que reparamos é o facto de se deslocarem em grandes grupos de pessoas. Geralmente andam bem animados, falam e berram alto, sendo que alguns berram alto com as suas crianças num dialecto quase impossível de descodificar, meio francês, meio português, tudo isto com vernáculo de ambas as línguas e sotaque típico de Mondim de Basto.
De realçar também o facto de que o habitat natural desta sub-espécie é deveras variado, sendo que se habituam bem a quase qualquer local. Contudo, tem-se vindo ultimamente a notar que a sua presença é mais comum em romarias, shoppings, torneios de Chincalhão, tascas e barracas de farturas e pão com chouriço.
Apresentam também um aspecto bastante característico. É vulgar distinguir um espécimen do sexo masculino devido ao uso continuado de fatos de treino, sapatilhas brancas com pé de gesso, calças a regar o milho, boné meio enfiado, meio a fugir e camisola do Benfica. Também é costume avistá-los de chinelos de praia e meias.
Quanto aos individuos do sexo feminino, destacam-se pelo calçado bastante elevado por tacões desproporcionais ao tamanho do corpo, roupa justa a ver-se a banha, cabelo pintado de loiro a ver-se a raíz preta e, obviamente, pelo nível abusivo de decibéis com que se sentem os seus berros em direcção aos filhos ou ao marido que está bêbado.
De realçar o facto de, durante o todo o verão e o mês de agosto em particular, serem vistos em número impressionante por estas bandas, sendo de supôr que seja esta a sua época de acasalamento. No fim de Agostó, as matrículas francesas e luxemburguesas desaparecem misteriosamente, da mesma maneira como antes apareceram.
Dia 16 deste mês, é assinalada a Homenagem Anual da Juventude Vimaranense ao Imigrante, com a celebração da grande e já tradicional Festa do Imigrante, no El Rock Bar, na Praça de Santiago. Nessa noite, serão dados a conhecer ao grande público grande parte dos ícones e íodolos desta sub-espécie de portugueses/cidadãos do mundo. Vagabundos, como o grande Nel Monteiro os cataloga no seu hit platinado "Bife à Portuguesa". Para terminar, fica aqui um excerto desse épico poema.
"A vida de um Imigrante
é pior que a de viajante
é vida de vagabundo!"
Nel Monteiro - Bife á portuguesa
"Quando chego ao meu país
não quero pensar em tristeza
quero é vida de burguês
bacalhau
copos de três
e bifes á portuguesa!"
Idem - Ibidem

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