segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Bizarro...

Que o mundo Hospitalar é rico em fenómenos estranhos, não há a mínima dúvida. São várias as ocasiões que chocam verdadeiramente os profisssionais de saúde, quer pela gravidadade da situação do paciente, quer pelo sofrimento que muitas vezes é impossível de ignorar ou tratar com "ligeireza". Nós cá vamos moldadando os nossos hábitos, sendo que passados alguns meses de contacto com certas realidades, certas coisas ditas "chocantes" já nos passam ao lado, pois são parte integrante de uma rotina diária repleta de desgraças e infelizes acontecimentos.
Contudo, há situações inesperadas que roçam os limites do bizarro. Algumas são mesmo inacreditáveis, sendo que, ao ouvir tais relatos, poucas são as pessoas que nelas acreditam. Hoje, trago-vos uma dessas peripécias. Ocorreu recentemente no Hospital onde trabalho, o muy vetusto e digníssimo Centro Hospitalar do Alto Ave, em Guimarães.
Quinta-feira de tarde, o Sr. X (chamemos-lhe assim) deu entrada nas Urgências do nosso Hospital, queixando-se de uma prisão de ventre perturbadora. Após apalpação aabdominal, nãao foi possível ao médico que o atendeu determinar a causa de tal oclusão. Rapidamente o doente foi encaminhado para o Serviço de Radiologia, onde terá sido submetido a uma Ressonância Magnética para ajudar ao diagnóstico.
Depois de revelado, o exame acusava a presença de um objecto estranho, em forma de anel, de textura aparentemente metálica, presente no intestino grosso do paciente. Imediatamente o médico julgou traataar-se de alguma peça deixada para trás numa anterior cirurgia, facto esse prontamente negado pelo paciente. Nunca tivera sido operado às tripas, dizia ele. Estanho, no mínimo...
Após conferência com os pares, foi então decidido que o paciente seria submetido a uma manobra invasiva para retirar tal obecto em forma de anilha. Enviado para o Bloco Operatório, foi de imediato anestesiado e colocado numa marquesa, em posição ginécológica, tipo grávida a dar à luz. Após um estranho e imediato relaxamento do esfincter anal, é introduzida uma sonda para tentar retirar tal objecto. Para espanto de todos, eis que ele surge. Não, não era uma anilha metálica, nem sequer um anel engolido, nada disso. Tratava-se, isso sim, de uma escova de piaçá, vulgarmente conhecida como vassourinha de limpar a retrete lá de casa, que se encontrava alojada no cú de tão distinto paciente.
Bem sei que contado, ninguém acredita. Tal e qual dizia S. Tomé, seria preciso "ver para crer".
O que é facto, é que a escova do piaçá lá se encontra, no bloco operatório, juntamente com outros objectos encontrados em tão inóspito lugar, sendo eles um pepino, um vibrador, uma corda de bolas japonesas de silicone, uma escova de dentes e, por último, um batoque, nome pelo qual são vulgarmente conhecidas as enormes rolhas que se usam para tapar os pipos de vinho.

Resta-me imaginar qual será o próximo objecto a ir parar a essa prateleira.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Gabinete novo...

Hoje o menino Zombeteiro está contente... e não é para menos!
Após sete anos de lides hospitalares, finalmente tive o direito a receber um espacinho para mim que, embora pequeno, já me resolve grande parte dos problemas que apoquentavam o meu trabalho.
Não, não tenho menos encomendas para fazer, nem tenho menos Delegados de Informação Médica para receber. Já não tenho utentes para atender, já não tenho auxiliares de acção médica para aturar e, o melhor de tudo, já não tenho os meus colegas a foderem-me a cabeça com as suas burilices e com as suas ausências do serviço.

Agora que o menino Benedictus foi ocupar um "gabinetezinho" seu, organizem-se! O problema deixou de ser meu...

domingo, 21 de setembro de 2008

Todos "cumó aço"!!!



Sinceramente, nem sei se hei de rir ou de chorar...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ora diga lá outra vez, Sr. Engenheiro?



Ontem à noite, estava eu descansadinho a ver o telejornal quando, de repente, vejo uma notícia relacionada com o mediático processo da "Casa Pila", que se arrasta hà longos anos. Um dos arguídos do processo, o Dr. Paulo Pedroso, viu o tribunal dar-lhe razão no processo que interpôs contra o Estado Português, atribuíndo-lhe uma compensação pecuniária, supostamente para o menino superar os danos morais que quatro meses na "childra" lhe causaram, assim como para o ajudar a ultrapassar todas as vicissitudes que advieram da exposição que sofreu por parte dos media. Para quem não se lembra, Paulo Pedroso passou de político promissor dentro do organigrama do estado a perigoso pederasta e paneleiro!

Até aqui, nada que me surpreenda, não fosse este país pródigo em cometer injustiças com base em "buracos" ou omissões na lei.
O que mais me espantou e chocou foi ver o Sr. Primeiro Ministro a pronunciar-se sobre este assunto, de maneira complacente e solidária para com o seu "amiguinho". José Sócrates referiu que se congratulava pela decisão polémica da juíza que deu razão ao "Harry Potter" do P.S.

Não deveria o Primeiro Ministro, como figura de proa do estado, alhear-se destes comentários?
Não deveria o Sr. Primeiro Ministro respeitar a Constituição, zelando pela devida separação entre os poderes?
Não deveria antes o Sr. Primeiro Ministro dizer que não se poderia pronunciar sobre uma decisão dos tribunais?
Não deveria o Sr. Primeiro Ministro explicar que, por se tratar de um processo delicado e por envolver alguém das suas relações pessoais, não deveria, naturalmente, comentar o assunto?
Não deveria o Sr. Primeiro Ministro assumir a defesa da sua "dama" e dizer que não se pronunciava devido ao facto do processo envolver o Estado, logo, o conjunto de Instituições e Organismos que ele próprio coordena desde que ganhou as eleições e formou governo? Ou será que a sua "dama" se chama Paulo Pedroso?

Fica a dúvida...
Agora, quanto às amizades e conveniências de Sócrates, não restam dúvidas nenhumas?

Palhaçada................

terça-feira, 26 de agosto de 2008

"Mugshots" e afins ou Crónica de um fim de tarde policial.


Steve McQueen, para a posteridade...

Ontem ao fim da tarde lá fui...
Conforme o combinado com quem de direito, às seis em ponto lá estava eu à porta da esquadra da PSP de Guimarães, fumando o meu cigarrinho, antes de entrar para identificar o "marialva" que tinha assaltado os três carros no Largo do Carmo. Permitam-me que vos diga que tive um fim de tarde em cheio!

Mal entrei na esquadra, fui encaminhado para o "guichet" onde se apresentam as queixas, para dar entrada do meu registo como testemunha da ocorrência. Como é normal, registaram-se os mesmos precalços de sempre quando proferi o meu último nome, para variar um bocadinho. Isto de se ter origem britânica tem as suas desvantagens. Ainda por cima quando o nome de família (Aspinall) se confunde facilmente com o nome de um medicamento (Aspirina) ou com uma extensão do nosso Sistema Nervoso Central (Espinal Medula). É realmente uma chatice, e ontem que remédio tive eu senão soletrar o meu nome, letra a letra, à senhora agente que me inquiria. Lá fui dado como testemunha, sendo que fui imediatamente conduzido para o "bureau" de Investigação Criminal cá do sítio. Entrei na dita sala e lá estavam os três (!!!) agentes que me esperavam para recolher o meu testemunho. Três? Realmente é um processo bastante complicado, este de recolher testemunhos. Isto de saber como é que o gajo era, mostrar fotografias e o caraças é mesmo difícil de fazer. São precisos três homenzarrões de um metro e noventa e oitenta e tal quilos de peso para o fazer... enfim... palavras para quê?

Là descrevi o rapaz... estatura média, cabelo claro, pele clara, olhos claros... por momentos pensei comigo mesmo "pá, até eu caibo nesta descrição"! Também me pediram para descrever a roupa que o gajo usava. Para quê, pensei eu, se já passaram três dias... será que o gajo é assim tão porco para não ter trocado de camisola? Às tantas até pode ser, sei lá! Entretanto, lá me puseram a olhar para um monitor de computador, onde faziam um "zapping" entre centenas e centenas de fotografias. O gajo que aí trabalhava passava tão rápido de fotografia em fotografia, que eu duvido que com ele alguém consiga identificar seja quem fôr... enfim... lá passei para as pastas de arquivo, recheadas de "mugshots" de malta que em tempos prevaricou. Fiquei absolutamente parvo... vê-se de tudo, absolutamente! Gente de todas as idades, de todas as raças, de todos os estratos sociais. Desde o jovenzito de boné "à mitra", passando pelo gajo com cara de quem acabou de tomar a dose de cavalo, até ao bêbado que para na esquina da minha rua ao domingo à tarde e, pasme-se, à dondoca da Avenida de Londres, toda vestida de Moschino, com o penteado a apresentar marcas de ter sido puxado recentemente.

Lá encontrei o meleante em questão, numa paasta já antiga, quando o rapaz em questão ainda apresentava um aspecto mais ou menos sadio. De imediato o "inspector" o reconheceu, dizendo tratar-se de um delinquente que costuma arrumar uns carritos aqui e ali. Recolheu a vinheta com o número do processo, e dirigiu-se à sala de arquivo para ir buscar a pastinha que continha (supostamente!) todas as informações relativas ao rapazote. Para meu espaanto e de todos os presentes na sala, incluindo um dos Super-Intendentes, a pasta com o mesmo número da fotografia trazia à frente a fotografia de um velhote que presumo ser de etnia cigana, aí com uns sessenta anos, bigode preto farto e calvo... fiquei parvo... como é que é possível trocarem este tipo de informação?
- "Às bejes acontechem destas coijas" - dizia um outro polícia mais velho que estava sentado no outro canto da sala.
Lá me disseram que não haveria problema, que mais cedo ou mais tarde iriam encontrar o processo certo (tenho as minhas dúvidas, mas pronto, eu finjo que acredito) e que depois me contactariam para identificar novamente o suspeito quando o apanhassem. Fiquei apreensivo... iria eu ter que o identificar assim, in loco?
- "Num che priocupe, home! Aqui é como nos fiurmes amaricanos. Bochê bai púma xala que tenhe um bidro que xó dá pa bere de um lado e indeuntifica o xuspeito."
Fiquei extasiado com tal promenorizada descrição.
De imediato entrou mais um "bófia" pela sala, dizendo alto que era preciso saír. Tinha ocorrido uma violação na freguesia de Brito...
- "Ora fôda-se!" - disse um deles - "hoje só saio daqui depois das oito! Que merda do caralho! Bamos lá!"
Dei-lhes o meu número de telemóvel, mostrei a minha disponibilidade e saí da esquadra, enquanto me questionava acerca da eficácia das nossas forças de segurança, tal era a desordem dos "clichés" de identificação (nome utilizado por eles) que eu tinha visto.

Acendi um cigarro, e fui à minha vida!

Gamanço...



Este fim de semana foi uma autêntica ramboía para os amigos do alheio, aqui no Burgo Vimaranense. Não sei se havia alguma concentração de gatunos, tipo concentração de motards ou o caraças, mas o que é facto é que, especialmente na sexta-feira à noite, eles andavam à solta.

Comecei a noite de sexta-feira com um sempre apetecível jogo de futebol do "nosso" Vitóriam, precedido de um agradável "lanche ajantarado" em minha casa. Mal saí do trabalho, tinha o meu amigo S.B. à minha espera na porta do Hospital, envergando camisola branca e cachecol preto com o símbolo de El-Rei D. Afonso. Logo percebi, para meu bel-prazer, que a primeira paragem do nosso curto itinerário seria a garrafeira do Silva Carvalho, onde escolheríamos a garrafola de tinto maduro a ser sacrificada antes do desafio. Seguiram-se uns preguinhos em minha casa, preparados por mim, e muito bons, por sinal.

Dirigiamo-nos para o estádio quando recebemos a primeira notícia da noite. Um dos nossos "companheiros de armas" (um daqueles que tem cadeira no estádio mesmo à beira da minha) via-se privado de assistir á primeira parte do encontro. Antes de começarem os insultos e impropérios, normais perante um "falsete" de tal ordem, fomos informados que algum "artista do gamanço" tinha furtado o veículo ao "velhote" do rapaz. Sentimo-nos imediatamente sensibilizados com tal ocorrência, tanto é que a "multa" aplicada ao J. pela falta de comparência ao jogo foi reduzida a uns míseros três "shots" de bagaço Macieira, bebidos de enfiada.

Contudo, foi no dia seguinte que nos foram dadas a entender as verdadeiras dimensões daquilo que tinha sucedido na noite anterior. Porra! Da maneira que relataram os acontecimentos no noticiário da Santiago (vetusta rádio local), esta merda parecia Bassorá ou outra qualquer cidade Iraquiana ou Libanesa... Ao todo, foram furtados meia dúzia de automóveis, um famoso "tasco" de Francesinhas, um bar no Centro Histórico, uma "roulotte" de Kebabs e uma grande penalidade na àrea do Vitória de Setúbal.

Fica por confirmar a tentativa de assalto a um dos mais afamados antros Vimaranenses. Há quem diga que a mítica "Casa Zefa", casa de pasto (e não só) de Guimarães, ali na Rua Nova, também terá sido alvo de uma tentativa de assalto, imediatemente estancada pelo arremesso de um penico e respectivo conteúdo, através de uma das janelas da dita casa de má fama...

Para finalizar todo um fim-de-semana de autêntico "Far-West" (ou faroeste, como dizem os Tugamenistaneses), na noite de sábado testemunhei, eu mesmo, um assalto...
Chegáva-mos ao Largo do Carmo, eu e o meu compincha S.B., quando, ao estacionar a viatura, vimos uma cabeça a levantar-se na viatura que se encontrava em frente á nossa, no "lugar do morto".
- "Queres ver que agora aquele gajo, além de arrumador, também já anda aí a fazer bobós?" - indaguei eu, pensando que uma outra cabeça se viesse a levantar no lugar do condutor. Sei lá...podia ser que o cliente fosse um anão, pensei eu...
Só quando me levantei para saír do carro é que reparei nos cacos de vidro que se encontravam no passeio. Mal saímos da nossa viatura, o ladrãozeco inicia a sua rápida manobra de fuga, correndo como um desalmado, e a deitar fora certos objectos mais pesados que fariam parte do "saque" daquela noite.´

Moral da História:
Mais três carros assaltados, e isto só no Largo do Carmo, no sábado á noite. Eu, como bom samaritano que sou, e conhecido de uma das vítimas, lá me oferecei para identificar o "meleante", o que aconteceu ontem, na esquadra da PSP de Guimarães, façanha essa que relatarei no próximo post. Agora não tenho tempo, fôda-se!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Beijing 2008 - ou o "Fosso Olímpico" da Vida Real



Para quem deconhece a origem do misterioso símbolo da Vigésima Nona Olimpiada, apresento uma das muitas teses prováveis... esta sem a devida autorização do Governo Central Chinês...sim, sim, esse governo que mandou o exército disparar sobre os estudantes, há cerca de 20 anos atrás... é esse mesmo!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Olá, amigo... os adeus ficam para depois...

Hoje não escrevo para zombar do que quer que seja...
Não estou em condições de o fazer. O choque apoderou-se de mim de tal maneira que não sou capaz sequer de brincar ou zombar com a mais pequena das coisas.

Escrevo este post em jeito de desabafo, apenas, pois é mesmo a única coisa que me resta, e, em relação a esta situação, é mesmo a única que consigo fazer. A revolta que graça pela minha cabeça é imensa.

Em meados de Julho, tive uma daquelas notícias devastadoras, qual napalm, que de um momento para o outro, nos deixa sem reacção e sem palavras... Um amigo meu, S., acabava de ser internado no Hospital onde trabalho, no Serviço de Neurologia. Quem conhece um Hospital por dentro, normalmente não gosta de ver o Serviço de Neurologia associado a alguém das suas relações. Foi o meu caso. Normalmente sou um gajo frio, nestas situações. Felizmente ou infelizmente, estou por demais habituado a ser confrontado com desgraças e tragédias, pois trabalho a uma certa proximidade da morte, o que nos torna (automaticamente) mais resistentes ao sofrimento de outrém. Não quer dizer que não compreendamos... compreender o sofrimento dos outros e tentar assistí-los nesse sofrimento é, precisamente, uma das nossas missões. Ficamos é imunes a certas coisas, e deixamos de nos impressionar com facilidade, é só isso que nos acontece...
Após ter procurado informação junto de um dos médicos do Serviço, cheguei á conclusão que o diagnóstico era tudo menos animador. Fiquei imóvel, sem saber o que pensar. Afinal, como é que alguém imaginaria que um amigo seu fosse apanhado pelo Cancro, aos trinta anos de idade? Nem a mente mais macabra era capaz de imaginar uma coisa dessas.
Após algumas semanas em casa, na última quinta-feira, o meu amigo S. voltara ao Hospital, mas não para a quimioterapia do costume. Voltava para uma cama, após um AVC que se decidiu juntar à tragédia. Desde esse dia, as coisas não têm melhorado, bem pelo contrário... Os AVC's sucedem-se, e o meu amigo está preso a uma cama, semi-consciente (efeitos da morfina e outras drogas, digo eu), sem falar, sem se mexer, sem que a sua face esboce qualquer tipo de expressão.
Hoje, quando lá fui, a sua mãe estava lá, com ele, junto á cama onde repousa há dias, esperando...
Entrei no quarto, cumprimentei a mãe com um beijo na face, olhei para ele. Estava de olhos fechados, mas com um ar calmo e sereno. A senhora, sua mãe, olhou para mim, com um ar estranhamente calmo, e com um esboço de sorriso nos lábios, perguntou se me queria despedir dele... Pediu-me para segurar na mão do meu amigo. Quando o fiz, a senhora inclinou-se para o S., como se estivesse a sussurrar-lhe um segredo.
Não sei se ele estava consciente ou não, mas senti a sua mão a apertar o meu polegar, com alguma força. Vi as pálpebras a mexer, mas prontamente se fecharam outra vez. Quando me despedi da senhora, antes de voltar à "minha" farmácia, ela perguntou-me se me tinha despedido dele... Educadamente, e com o sorriso possível nos lábios e algumas lágrimas nos olhos, disse:

-"Não, minha senhora. Vim-lhe dizer olá... Os adeus ficam para depois..."

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Leonel Nunes... Abram alas para o Rei!



Fotografia tirada ao Mestre em plena actuação, num palco em Cascais.
No meio da multidão, podia-se ler um cartaz que dizia "Leonel, és Deus!"

Festa do Imigrante - O rescaldo



Passada a noitada da festa, chega a hora de fazer o balanço da empreitada.
Ontem lá estava eu, por volta das 18h, à porta do El Rock, de "laptop" e "turntable" ao "tiracol" (é assim que se escreve?), prontinho para montar o "estaminé" e começar a debitar a brejeirice do costume. Mr. Scaramanga já esperava por mim, de Carlsberg já meia deglutida e com os olhos já um pouco avermelhados, fruto de uma tarde de boémia, enquanto esperava que aqui o menino deixasse as lides hospitalares.
Após a jantarada, que decorreu na lendária Cervejaria Martins, partimos para a "venue", já de tinto bem carregados. Desde o início que apostamos num alinhamento poderoso, onde pautavam as batidas fortes, aliadas àqueles fantásticos acordeões aos quais a música brejeira nos habituou. A panela de "Caurdo Berde" lá estava, juntinha à marmita que conservava o toucinho (ou, como se diz nestas lides, a tora) e os àvidos comensais faziam fila para provar tal petisco.
Tanto o bar como a praça em si estavam muito bem compostos, com bastante gente não só a assistir ao "arraial citadino improvisado", mas também a admirar o belo "quadro" de traça medieval no qual a festa se realiza. As esplanadas estavam repletas de turistas de aspecto germânico ou nórdico, que prontamente desviaram o olhar para a fachada do bar onde tal evento decorria.
Foi com surpresa que constatei que, rapidamente, a maioria daqueles que povoavam a praça acorreram a seu tempo ao El Rock para levarem consigo um pouquinho de brejeirice.
A noite correu de feição, bem regada como sempre, pois os nossos amigos Rato, Côdeas e Tó Lobo não nos deram descanso, shot atrás de shot, fino atrás de fino.
Mais uma vez, Leonel Nunes foi o Rei, tendo sofrido, contudo, apertada concorrência de Tony Moreira, com o seu "Tira-me o Leite"...
Pelas duas da matina, a praça começou finalmente a esvaziar. Todos rumaram a suas casas, pois a noite tinha sido longa e o dia de hoje prometia, no que a trabalho diz respeito.
A noite foi óptima, o ambiente também. Foi pena é não ter visto nenhum emigrante...
Para o ano há mais...

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Festa do Imigrante... hoje... no local do costume!

Pois é, gente honesta e trabalhadora... hoje é o ponto mais alto do ano no "El Rock Bar", no que a performances de DJ's diz respeito.
Mais uma vez (a enésima...), Mr. Scaramanga (a.k.a Ricardo Couto) e NikNak (a.k.a. Manel Aspinall, môi même) reúnem-se no afamado bar da Praça de Santiago para mais uma demonstração de sabedoria popular através da música.
Este ano, o certame apresenta novidades. Desta vez, as hostes serão reunidas por volta das seis horas da tarde, deixando a "sanfona" de soar por volta da meia-noite. Eu sei, eu sei... nas edições passadas, a coisa arrastou-se muito para além dessa hora, mas este ano há certas limitações impostas por elementos alheios à organização. É que depois dessa hora a música tem que baixar de volume, o que á partida estaraga um bocado a coisa... Como o "Pimba Hardcore" requer colunas quase a dar o tilt, resolvemos desta vez acabar com a brincadeira quando o volume dos decibéis tiver que baixar. Em contrapartida, teremos uma vasta oferta de petiscos regionais para deleite dos convivas mais "esgazeados". Desde o "Caurdo Berde" até à chouriça assada, passando pelas ameijoas á Bulhão Pato e pelo já mítico pratinho de caracoís.
Quanto á performance dos artistas em si, estão em perspectiva muitas novidades, como aliás é apanágio da festa. É tipo carnaval do Rio (ou marcha gualteriana)... quando acaba a festa, começa-se logo a trabalhar na edição do ano que vem, recolhendo as mais varaiadas pérolas da Música Popular Alternativa "made in Tugamenistan". Este ano, a safra foi jeitosa... Consegui compilar mais uns êxitos intemporais do grande Guru Leonel Nunes, o que por si só já é garantia de qualidade. Entretanto, foram feitas grandes descobertas... Júlio Miguel e Leninha interpretarão o seu grande êxito, denominado "O Filho do Recluso", enquanto o Duo São Lindas nos brindará com a sua "Poesia". De resto, os intervenientes serão os do costume. Não faltará Amadeu Mota e a sua Motaband, Nel Monteiro, Graciano Saga e o Padre Motard não faltarão à chamada, concerteza.
Em jeito de despedida e para aguçar o apetite dos mais vorazes e fiéis foliões, temos a anunciar que este será o último ano da festa do imigrante, tal e qual como decorreu até hoje. Para o ano, estamos mesmo a equacionar a realização de um pequeno e modesto festival do imigrante, onde esperamos contar com a presença do Grande e Misericordioso Mestre Leonel Nunes. O cachet não será problema, e o vinho muito menos! A seu tempo, iremos revelando as novidades acerca desta nova "faceta" da já mitica Festa do Imigrante.
Apareçam hoje, por volta das seis e pico, no local do costume, El Rock, Praça de santiago, Centro Histórico, Guimarães, Tugamenistão.
Até lá, e para vos deixar com uma pulga atrás da orelha, deixo-vos ficar um lindo poema da autoria do nosso Grande Educador, Leonel Nunes, de Rapoulas, distrito de Viseu, Tugamenistão...

Atentem á maneira como o lêm, porque é mesmo muito melindroso...

"Porque se a couve tem talo
E o Bacalhau tem rabo
Se o feijão verde tem fio
Porque não tem talo o nabo?

Se a banana tem cacho
Toda a uva tem que tê-lo
Já pensei muitas vezes
Porque não tem talo o grelo"

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Romarias...


Qual é o bom Português que não sabe o que é uma romaria?
Acho que todos nós já fomos confrontados com um desses magnânimos acontecimentos de cariz mais popular. Os carrosseís, as velhotas que vendem algodão doce e os seus velhotes , todos cheios de tinto até às pontas dos cabelos (e dos bigodes!).
Bem, engana-se quem pensa que essas festividades são exclusivas das aldeias ou dos meios mais rurais. Em cidades de maior dimensão, também existem romarias, e, deixem-me que vos diga, quanto maior é a cidade em questão, maior é o descalabro de romaria que lá tem lugar.
Pois é... em Guimarães também há uma romaria, e das grandes, por sinal. Estou-vos a falar das Festas Gualterianas, em honra de S. Gualter. Não sei porque carga de àgua foram escolher este gajo para as festas, visto que a padroeira da cidade é a Senhora da Oliveira, que é nada mais nada menos do que uma mutação da Virgin Mary. Devem ser efeitos do rio de Couros e da sua àgua vermelha...
Esta romaria de que vos falo é bastante singular, não porque tenha algo de especial, mas devido às proporções que a mesma toma, muito por força de se realizar em plena época alta do imigrante, início do mês de Agosto. Por essa altura, Guimarães fica cheia de matrículas amarelas, mal e porcamente estacionadas em frente a portas de garagem e a sinais de "proibido estacionar" com aquele "artigo 14 do código da estrada". Na rua só se ouvem francesices, "comme si, comme ça", "viens ici, Rémy" ou "se te apanho, fodo-te!", todas elas proferidas em frente à barraca das farturas da Família Oliveira (toda uma tradição dessa merda), da Roulotte dos Churros da Samy ou da barraca do Pão com Chouriço. As ruas enchem-se de barracas que vendem as mais inúteis bugigangas...panelas e tachos de qualidade duvidosa, motas em miniatura a gasolina (aquelas réplicas pequeninas das "bufonas" tipo CBR600) que matam mais do que motas a sério, até às barracas que vendem cintos e óculos de sol foleiros, administradas por um senegalês cuja abordagem é "Quieres barato?"...

Passo toda essa panóplia de barracas e dirijo-me para mi casa, chez moi. Invariavelmente tenho que passar pelo epicentro do cataclismo, o parque das hortas, onde me esperam mais barracas de farturas e de churros e mais pão com chouriço. Começo a ficar enjoado... Olho para o lado e vejo uma "cena" enorme, com uma cabine de camião à frente. De lado está escrito "Tômbola Internacional" e toda a gente se diverte a pagar forte e feio por um molho de senhas que, no máximo, dará direito a um elefante de peluche que parece retirado de um qualquer quarto de puto da antiga Alemanha de Leste, tão velho que é a merda do boneco. Mais abaixo, vejo os ringues de "Bumper Cars" ou carrinhos de choque, com aquele Techno horroroso, cheio de martelinhos e efeitos sonoros manhosos que parece que hipnotizam o povo para comprar mais umas fichinhas ao cigano desdentado, boné vermelho e T-Shirt de mangas caveadas.
Olho para baixo, mas sigo em frente. Sinto uma incapacidade tremenda em me embrenhar nesses meandros onde impera a fartura, o churro e o Trem de Cozinha Ideia Casa.
Sigo em frente, em direcção á minha humilde casa, que, para meu azar, fica mesmo em frente ao local onde se inicia o prato forte da festa, a grande e inenarrável marcha Gualteriana. Essa marcha é como uma parada carnavalesca, cheia de carros alegóricos que passam em revista as efemérides que ocorrem durante o ano na nossa pacata cidade. Até seria um número com piada...se não metessem para lá a merda das escolas de samba cheias de gajas com celulite e "pele casca de laranja", cheias de roupa e com carinhas de bradar aos céus. No Brasil, concerteza não teriam emprego nem numa barraca de vender farturas, digo eu!

Mas o que mais me irrita nessa merda de marcha é o pessoal que a ela assiste. Enchem os passeios de cadeiras de praia, já a guardar o lugar para a noite. Torna-se impossível circular na cidade nesse dia. Qualquer passo que dou tem que ser meticulosamente calculado, sob pena de ouvir um "Fonha-se" da boca de um qualquer velhote cheio de borras de tinto no bigode. Chego a casa, finalmente... em frente ao portão estão duas cadeiras de rede, uma velhota grita "olha o banquinho a cinco euros, cadeiras a dez". Quatro ou cinco pessoas aproximam-se e admiram meticulosamente o artigo. Será de boa qualidade? Entro pelo portão para o quintal de minha casa e, para meu espanto, vejo um velho de cabelo branco a olhar para mim. Quem é este gajo? O que está a fazer na minha propriedade? Simples... o que faz um velho encostado a uma árvore, no meio dos arbustos, com as calças em baixo, enquanto segura o "instrumento"? A jogar às cartas? Dou dois berros, corro em direção a ele... afinal entrou-me pela casa para me mijar no quintal. Mas que merda é esta? O velho dá a correr, nem pede desculpa nem nada, apenas foge. Desato aos berros, perguntando-lhe o que é que me faria se fosse eu a galgar o muro da sua casa, para mudar as àguas aos meus "tremoços"... o gajo continua a fugir, sem olhar para trás. Reparo que uma das velhotas que vende cadeiras é sua mulher, pois a mesma começa-se a aproximar perigosamente do meu portão... Desata a mandar bocas em resposta aos meus impropérios, e o desejo de soltar o meu cão é cada vez maior...
Chego ao portão, encho o peito, chamo-lhes porcos de merda e mando-os foder em frente a quem passava na rua.
Isto passou-se o ano passado. Este ano já antecipo a chegada desse fatídico dia... será na próxima segunda-feira. Já pedi ao meu amigo V.para me emprestar a espingarda de pressão que ele possui, mas este Natal, vou pedir ao Pai Natal uma caçadeira de dois canos, para que no próximo ano me barrique em casa à espera dos mijões...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Meretíssima Sova. . .


Hoje amanheci com uma notícia digna de figurar no extinto jornal "O Insólito". Não, não vi um lobisomen, nem sequer uma mulher com barba à Sandokan, nem sequer um gajo com três metros de altura. Aquilo que vi e ouvi é mais insólito ainda, quase inacreditável.

Preparava-me para saír de casa em direcção ao meu local de trabalho, quando sou confrontado com uma notícia naquele programa informativo das manhãs na RTP1 que dava conta de um conjunto de agressões num tribunal em Santa Maria da Feira.

- Foda-se. . . - exclamei - querem ver que a bófia molhou a sopa na populaça?

Foi esse o meu primeiro raciocínio, a primeira ideia que me ocorreu. Pensei que talvez a população sedenta de sangue se tivesse indignado contra um bando de traficantes de droga que estavam a ser julgados naquela sala de tribunal. Talvez a polícia tivesse reagido mais intempestivamente aos ânimos exaltados dos populares. Afinal, todos estamos habituados a ver o circo que se monta normalmente à porta dos tribunais, com multidões normalmente a exigirem a cabeça do reú, não interessando para nada se o homem é inocente ou culpado. Nesses momentos, parece que voltamos ao século XV, quando os blasfemos eram julgados e condenados á morte em autos-de-fé, com as praças completamente à pinha, cheias de leprosos a pedirem a pena capital para a pobre rapariga que foi acusada de bruxaria!

Pois, mas pelos vistos, eu estava redondamente enganado. Aquilo que aconteceu ontem á tarde naquela localidade tem contornos deveras bizarros, digos de qualquer obra-prima de Fellini!

Afinal de contas, foram os juízes que levaram na marmita. É verdade!

Após a leitura da sentença, os reús, indignados, acessoriados pelos seus familiares que assistiam à audiência, galgaram a pouca protecção que os separava do colectivo de juízes e encheram a bilha aos juízes à biqueirada, perante a total passividade dos polícias que estavam encarregues de zelar pelo respeito à lei e á autoridade suprema do meretíssimo ou meretíssima.

Resta referir o facto de que, para dezoito arguidos, estavam apenas presentes na sala três polícias, sendo que o julgamento nem sequer decorreu numa sala de audiências, mas sim numa qualquer sala de arrumos do quartel de bombeiros da localidade, onde pelos vistos já é hábito realizarem-se julgamentos.

Cada dia que passa, fico mais impressionado com a capacidade improvisatória do maravilhoso povo Tugamenistanês. Isto de fazer tribunais em quarteís dos bombeiros é obra, não digo único no mundo, pois de certeza que lá para os lados do Botswana ou Burkina-Faso devem acontecer coisas semelhantes.

Já agora, têm a certeza que é necessário mais um aeroporto em Lisboa? Têm a certeza? Será que não se pode improvisar um aí num descampado qualquer? Em vez de constuírmos uma linha de TGV, não poderemos antes improvisar com uma chocolateira qualquer que estaja parada na estação de Sobradelo da Goma?

O que é preciso são pontes, aeroportos e comboios rápidos!

Mais polícia para quê? Tribunais? Nã.. . o que não falta aí são quarteis dos bombeiros ou casas do povo que sirvam para fazer linchamentos!

Continuo sem capacidade para categorizar o nosso país no contexto internacional. Será de primeiro ou de terceiro mundo? Não. . . é mesmo o Planeta dos Macacos!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Ryanair, ou no novo conceito de Bordel Voador!



Para quem pensava que já tinha visto tudo desde que viu um porco a andar de bicicleta, isto deixou-me completamente de rastos. . . Nunca pensei que a minha vida pudesse levar um abanão tão grande desde aquela tarde de domingo passada no Circo Chen. . .
A Ryanair, através do seu C.E.O. (em português, P.C.A.,vulgo Presidente do Conselho de Administração, vulgo Proxeneta, Chulo e Azeiteiro que finge que trabalha) deixou escapar, numa conferência de imprensa em território Germânico, a possível saída para os problemas de concorrência com as restantes low-cost, ou transcovizelas com asas, como preferirem. A solução passa por incluír no pacote dos nababos que viagem em Business Class um pequeno momento de relaxamento sexual por via oral, protagonizado quiçá por uma qualquer rameira de um strip club manhoso do Soho. Sendo assim, há uma questão que se coloca. . . as putas pagam bilhete? Ou será que serão putas e hospedeiras ao mesmo tempo, para poupar nos gastos com o pessoal? Fica a questão. . . 
Isto de falar a sério brincando tem que se lhe diga. Tenha lá cuidado, Mr. O'Leary (ou o diabo que o valha!), olhe que há muita gente que poderá acreditar neste tipo de brincadeiras. De certeza que não quer que um dia destes lhe apareça um magote de domingueiros de palito na boca, a querer destruir um avião por não encontrar lá as putas que prometeu. . .

 

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Topem lá a diferença. . . Qual deles o mais peneirento?




Como sou um valente cabrãozinho, não podia deixar escapar esta oportunidade de bater outra vez na mesma velhota. Prometo que depois deixarei as lides futeboleiras por uns tempos, mas em tempos de eliminação inglória e polémica do Euro 2008, não podia deixar de apontar o dedo acusador a todo e qualquer alvo passível da mais pura zombaria.

Continua então a minha crítica destrutiva aos protagonistas desta pouca vergonha que foi a participação Tugamenistanesa neste evento desportivo. Se o nosso menino merece o destaque na equipa das quinas, merece-o também neste Templo da Zombaria, quanto mais não seja pelas constantes figuras tristes que protagoniza. Desta vez decidi embirrar com uma coisa que me enoja particularmente, uma das poses à "Adonis" que este madeirense teima em usar, nomeadamente a pose ensaiada para a marcação dos livres directos, nitidamente propositada para a objectiva do fotógrafo, ou para "inglês de manchester ver"!

Para poder proporcionar um bom termo de comparação aos fieís leitores, escolho o brasileiro Ronaldinho Gaúcho,. homónimo do nosso menino, mas com duas diferenças, é Gaúcho e tem uns dentes que, Deumalibre, não lembram ao pior dos Lúciferes. De qualquer das maneiras, trata-se de um jogador de renome mundial, também conhecido por ser exímio na marcação deste género de tentos. Contudo, subsiste outra diferença assinalável . . . É que o nosso Cristiano, no Manchester, marca-os à tripa forra, na Selecção, deixa-nos a ver navios. . . Será que a pose funciona consoante a camisola que se enverga? Será que as bolas (balls) são diferentes? Será da relva? Será que campo tem toupeiras? Será do queijo Emmental nas chuteiras do Petit? Subsistem as dúvidas. . .

Frustração, Desilusão e Selecção ou Aonde é que eu já vi esta merda? Parte XXI


De dois em dois verões, desde há uns anitos para esta parte, temos vindo a assistir a este degradante espectáculo de frustrações e desilusões a que me refiro. Uns atribuem este fenómeno ao nefasto azar, besta negra que segue o bom Portuguesinho para onde quer que ele vá. Outros preferem culpar a História, pois consideram que “sempre foi assim! O que se há de fazer?”. Por outro lado, temos também aqueles que culpam o destino, advogando que é este o triste fado que nos acompanha pela eternidade. Outros há que nunca abandonam o ideal Sebastianista que norteia esta país desde aquele dia em Alcácer-Quibir, onde levamos uma abada dos Marroquinos (não, não estou a falar de Braga). Para esses, “é desta que vamos ganhar alguma coisa de jeito e que vamos devolver o nosso país à glória vivida nos tempos do V Império!”
Pois eu não penso de nenhuma destas maneiras. Para mim, sempre foi e sempre será a mesma merda. Continuamos a caír sempre nos mesmos erros do passado. Julgamos sempre que somos melhores do que os outros, o que leva a que pensemos que nunca precisamos de grande esforço para fazer seja o que fôr. Quando começava a rolar a bola na Suíça, (esse país de gente estranha que paga balúrdios por um queijo com buracos), já todos embandeiravam em arco, como se a vitória Lusa fosse uma certeza inabalável. Muitos reforçaram essa certeza com o facto de que estaríamos quase a jogar em casa, de que éramos a equipa com mais apoio de todas as 16 que por lá se encontravam. Uma coisa é certa, deve ter sido a única equipa a encher estádios de 15.000 lugares para um simples treino! E o pior é que os que encheram esse estádio de Neuchatel, todos os dias, pagaram, também esses, balúrdios por um bilhete de merda, que apenas dava direito a assistir a meia dúzia de macaquices protagonizadas por gajos com nomes tão reles como Cristiano Ronaldo ou Petit, e sem direito a queijo sequer. Se algum deles tiver roubado as meias ao Petit, pode ser que tenha tido a sorte de encontrar por lá um aromazinho a bom Emmental suíço, pelo menos. . .
Da parte dos atletas, notou-se um à vontade em tudo característico dos Portugueses, como se a merda do campeonato já estivesse ganho à partida. Da parte dos técnicos, as parcas palavras davam a entender que a relação entre os mesmos e os directores tresandava a fezes de canino, muito por culpa do despeito demonstrado por estes últimos ao proferir uma série de declarações por mim consideradas como lesa pátria, dignas de umas boas chicotadas se estivéssemos na Idade Média e de uma deportação para o Tarrafal, se o Dr. Salazar ainda fosse vivo.
É verdade! Aquilo que o “Bigodes de Aveiro” arrotou pela boca fora terá sido o maior indício acerca do maravilhoso “casamento” entre orgão federativo e equipa técnica. Refiro-ma à infeliz tirada proferida pela boca cariada do Sr. Madaíl, quando, sem vergonha nenhuma na cara, refere que poderia ter despedido o pugilista Brasileiro após a tentativa frustada de combate despoletada por aquele gancho de esquerda da treta. Até parace mal, ó Sr. Madaíl. . . o senhor até é de uma terra de pescadores, de gente da faina e tudo. . .não sabia que pela boca morre o peixe? Pois. . . eu compreendo, mas devia saber! Para a próxima não se esqueça, ok? Se a houver . . .
No final desta merda toda, quem ficou a perder foram os mesmos desgraçados de sempre, melhor dizendo, o povinho crente e expectante, que via este Europeu como única consolação para a sua condição de eterno enrrabado. Ficaram a perder os emigrantes, que gastaram a pasta toda em bilhetes para treinos sem direito a queijo sequer e que agora já não têm carcanhol para alugar o Bayerische Motoren Werke ou o Mercedes-Benz para virem ao seu Portugalzinho comer os bolinhos de bacalhau que a tia Micas tão carinhosamente prepara com a sovaqueira! Ao menos não morrem como tordos nas estradas espanholas, pelo menos este ano. Consta que Graciano Saga iniciou por estes dias uma greve de fome como protesto por esta situação tão nefasta. Quem também passou às jornadas de luta foi a Brigada de Trânsito da Guardia Civil de Espanha (aqueles que têm aqueles barretes manhosos, tipo cangaceiro do primeiro mundo, só que virados do avesso), protestando pela previsível falta de condutores embriagados (com o garrafão vazio no lugar do morto, claro) nas estradas espanholas este verão.
Daqui a quatro anos há mais pão e circo para todos, na sua versão Tugamenistanesa, ou seja, mais tinto carrascão e futebol . . .

Um ano sem zombar. . . . quase!

Com que então pensavam que tinha desistido, huh? Pois muito se enganaram os meus caros amigos e assíduos leitores.
Passou-se quase um ano após a abertura deste espaço cibernético de zombaria e devassidão. Durante alguns meses, a actividade do blog manteve-se regular, sendo que desde de Setembro do ano passado, a actividade aqui do menino Benedictus enquanto blogger desceu consideravelmente. Tive outros assuntos com que me preocupar, sinceramente, sendo que o exercício de “postagem” neste espaço foi a primeira coisa a ir para o galheiro. Cada um tem as suas prioridades, não é verdade?
Contudo, recentemente comecei a aperceber-me que começara já a espalhar a zombaria por outros locais, sendo que este pequeno cantinho que a mim e só a mim pertence, estava já a ser demasiado negligenciado. Como trabalho para o SNS (aqui o pessoal anda sempre à coca, não vá alguém topar as constantes e diárias situações de negligência), resolvi então voltar a abrir as hostilidades, não vão os gajos do gmail apagar-me a merda do blog!
Atentem então, caríssimos leitores. O Zombeteiro voltou, e desta vez é para ficar! Voltou em força, cada vez mais àcido, caústico, ordinário e hipócrita. Esperam-se novidades para breve, logo, vejam lá se estão atentos, porque a azeitice vai recomeçar, e mais gordurosa do que nunca!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Férias Checas. . .

No que diz respeito a férias, este ano decidi abrir os meus horizontes e visitar um dos países do recente alargamento da Europa Comunitária. Não, não estou a falar da Roménia, verdadeira terra de Borat, Oxana, Azamat Bagatov e Nikolov Tuliakbay. Também não escolhi a Bulgária, se bem que um amigo que lá esteve este ano gabou ostensivamente as praias e estâncias balneares desse belo país. Contudo, para estes dois países, acho que ainda é cedo. Penso ainda visitar outros destinos antes dessas duas muy nobres pátrias. Primeiro tem que chegar lá o papel higiénico. . .
Este ano o meu alvo foi a República Checa e a sua belíssima capital, a cidade de Praga. Aceitei o simpático convite do meu amigo Marco, Vimaranense de gema e residente nessa bela cidade, capital da Boémia. Espera lá. . .que confusão que para aqui vai. . .não, não é Coimbra. . .é Praga. . . pois. . . Boémia. . .ahhh. . . estou-vos a falar da Boémia, região da Europa Central, vizinha da Baviera e da Aústria. . .não é da Boémia dos copos de cerveja, mas sim dos copos de cristal Swarovski. . . se bem que vos adianto desde já que dessa boémia que nós cá sabemos, ali também há a pacotes. . . e ainda por cima sai baratinho. . .e escorrega bem!
Após uma fatigante viagem que começara em Guimarães por volta das 7 da manhã, com atrasos de aviões e escalas em Frankfurt à mistura, lá cheguei a Praga por volta das 7 da tarde, ao Aeroporto de Ruzyné, antigo bastião da aviação civil dos países do Pacto de Varsóvia. Foi interessante verificar, à chegada, que só meia dúzia de anos antes foram retirados a foice e o martelo da fachada do aeroporto. Em 1999 ainda se lia o nome Praha por debaixo desse ícone, símbolo de uma cortina de ferro que separava o leste europeu do oeste capitalista.
De resto, adianto-vos já que toda a cidade está ainda carregada de símbolos e ícones do período comunista, que o povo checo recorda sem qualquer sentimento de nostalgia ou saudade. Logo à chegada à cidade, sou confrontado com estações de metro á antiga (outras há com um visual mais moderno, metalizado), “trams” (eléctricos) vermelhos que percorrem a cidade de lés a lés as 24 horas do dia. . .ao chegar a Praga, toda a azáfama típica do final do dia, quando toda a gente começa a recolher para o seu bairro. Pois é precisamente à chegada que começam as surpresas. . . chego á paragem do “Tram” e pergunto ao anfitrião onde comprar o bilhete, ao que me reponde que não há tal necessidade. . . e se aparece o fiscal? Mas qual fiscal? Ao que me apercebi, posso comprar um bilhete semanal único para metro, tram, autocarro e barco, pela módica quantia de 280 coroas, menos de 9 euros. . .
Ao que me foi possível constatar, poderia com toda a certeza utilizar todo este fabuloso e eficiente sistema de transportes completamente de borla. As estações de metro não têm torniquetes, os autocarros e trams não têm revisores, os barcos idem aspas.
A meu ver, são estas pequenas coisas que realmente distinguem os seres humanos civilizados e evoluídos dos embrutecidos Neandertal “look like”. . .o facto de não ser necessária a figura da autoridade a fiscalizar se realmente o pessoal paga o bilhete ou não. Os utentes pura e simplesmente respeitam as regras, quer haja bófia ou não. Gostaria de ver como é que este sistema funcionaria aqui em pleno Tugamenistão. . . ia ser bonito, ia. . .

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Finally, I'm back. . .

Finalmente de volta. . .
Como podem ter constatado os milhares de assíduos leitores deste pequeno canto da blogosfera, o Zombeteiro foi de férias por um longo período de tempo. Aproveitei as férias para recarregar baterias (a minha mãe esqueceu-se de me encomendar com pilhas de lítio), conhecer novos lugares e pessoas e (vejam lá!) para matar sudades de amigos que já não via há bastante tempo, nomeadamente o venerável Marco Túlio, vimaranense residente em Praga e o inefável Toni Xavier (que já não via à cerca de três dias), que se juntou a mim vindo de Bratislava.
Como já devem ter reparado, o destino escolhido foi a República do Banho Checo, perdão, República Checa,e a sua belíssima e inestimável cidade capital, Praga, ou Praha, ou Prahy, como preferirem. . .
Os nove dias lá passados foram de extrema intensidade, como podem imaginar os amigos cibernautas. Trata-se de uma cidade cheia de pontos de interesse a visitar, com uma oferta cultural fulgurante e de uma juventude que fervilha vida! É absolutamente impossível passar por tal cidade e não ter a tentação de saír para uma investida nocturna logo na primeira noite. Escusado será dizer que , com o caneco de cerveja (peevo) a cerca de 30 cêntimos, é impossível não ficar completamente grogue. . .
Mais detalhes virão adiante, em futuros posts que prometo serem de entrega rápida. Serão relatadas algumas situações inimagináveis, de carácter insólito. . . algumas poderão ser mesmo consideradas fruto da intervenção do além, tais são os traços sobrenaturais dos eventos que serão relatados.
Contudo, vejo-me na impossibilidade de relatar tais ocorrências neste preciso momento. Tenho que saír, a hora está perto (17h30m) e o meu patrão chamado Sócrates não me paga para eu andar a escrever em blogues fora das horas de expediente.

Até à próxima. . .ou melhor, até mais daqui a um bocadito!

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Férias . . .At last!!!

Es verdad . . . el niño Zombeteiro vai de férias. Entre os dias 17 e 25 deste mês, não estarei apto a publicar neste espaço. Espero estar bem mais entretido nas ruas e esplanadas de Praga a beber uma qualquer Spaten ou Pilsener de 12º. Porém, posso-vos prometer uma extense foto-reportagem sobre essa maravilhosa cidade, seus habitantes e hábitos. Tentarei também uma incursão fotográfica por um tema que me fascina: propor-me-ei a fotografar a essência desse costume tão antigo, o banho Checo. Para tal, irei procurar analisar, de forma puramente artística, os mais belos bidés da cidade de Praga.

Fica aqui feito o respectivo anúncio. Espero que compreendam a ausência. Eu depois trago-vos um menino jesus de Praga para juntar ao prato de caracoís.

Só vai para Praga quem não tem dinheiro para uma casa de praia na Póvoa!