segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Bizarro...

Que o mundo Hospitalar é rico em fenómenos estranhos, não há a mínima dúvida. São várias as ocasiões que chocam verdadeiramente os profisssionais de saúde, quer pela gravidadade da situação do paciente, quer pelo sofrimento que muitas vezes é impossível de ignorar ou tratar com "ligeireza". Nós cá vamos moldadando os nossos hábitos, sendo que passados alguns meses de contacto com certas realidades, certas coisas ditas "chocantes" já nos passam ao lado, pois são parte integrante de uma rotina diária repleta de desgraças e infelizes acontecimentos.
Contudo, há situações inesperadas que roçam os limites do bizarro. Algumas são mesmo inacreditáveis, sendo que, ao ouvir tais relatos, poucas são as pessoas que nelas acreditam. Hoje, trago-vos uma dessas peripécias. Ocorreu recentemente no Hospital onde trabalho, o muy vetusto e digníssimo Centro Hospitalar do Alto Ave, em Guimarães.
Quinta-feira de tarde, o Sr. X (chamemos-lhe assim) deu entrada nas Urgências do nosso Hospital, queixando-se de uma prisão de ventre perturbadora. Após apalpação aabdominal, nãao foi possível ao médico que o atendeu determinar a causa de tal oclusão. Rapidamente o doente foi encaminhado para o Serviço de Radiologia, onde terá sido submetido a uma Ressonância Magnética para ajudar ao diagnóstico.
Depois de revelado, o exame acusava a presença de um objecto estranho, em forma de anel, de textura aparentemente metálica, presente no intestino grosso do paciente. Imediatamente o médico julgou traataar-se de alguma peça deixada para trás numa anterior cirurgia, facto esse prontamente negado pelo paciente. Nunca tivera sido operado às tripas, dizia ele. Estanho, no mínimo...
Após conferência com os pares, foi então decidido que o paciente seria submetido a uma manobra invasiva para retirar tal obecto em forma de anilha. Enviado para o Bloco Operatório, foi de imediato anestesiado e colocado numa marquesa, em posição ginécológica, tipo grávida a dar à luz. Após um estranho e imediato relaxamento do esfincter anal, é introduzida uma sonda para tentar retirar tal objecto. Para espanto de todos, eis que ele surge. Não, não era uma anilha metálica, nem sequer um anel engolido, nada disso. Tratava-se, isso sim, de uma escova de piaçá, vulgarmente conhecida como vassourinha de limpar a retrete lá de casa, que se encontrava alojada no cú de tão distinto paciente.
Bem sei que contado, ninguém acredita. Tal e qual dizia S. Tomé, seria preciso "ver para crer".
O que é facto, é que a escova do piaçá lá se encontra, no bloco operatório, juntamente com outros objectos encontrados em tão inóspito lugar, sendo eles um pepino, um vibrador, uma corda de bolas japonesas de silicone, uma escova de dentes e, por último, um batoque, nome pelo qual são vulgarmente conhecidas as enormes rolhas que se usam para tapar os pipos de vinho.

Resta-me imaginar qual será o próximo objecto a ir parar a essa prateleira.

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