segunda-feira, 23 de junho de 2008

Frustração, Desilusão e Selecção ou Aonde é que eu já vi esta merda? Parte XXI


De dois em dois verões, desde há uns anitos para esta parte, temos vindo a assistir a este degradante espectáculo de frustrações e desilusões a que me refiro. Uns atribuem este fenómeno ao nefasto azar, besta negra que segue o bom Portuguesinho para onde quer que ele vá. Outros preferem culpar a História, pois consideram que “sempre foi assim! O que se há de fazer?”. Por outro lado, temos também aqueles que culpam o destino, advogando que é este o triste fado que nos acompanha pela eternidade. Outros há que nunca abandonam o ideal Sebastianista que norteia esta país desde aquele dia em Alcácer-Quibir, onde levamos uma abada dos Marroquinos (não, não estou a falar de Braga). Para esses, “é desta que vamos ganhar alguma coisa de jeito e que vamos devolver o nosso país à glória vivida nos tempos do V Império!”
Pois eu não penso de nenhuma destas maneiras. Para mim, sempre foi e sempre será a mesma merda. Continuamos a caír sempre nos mesmos erros do passado. Julgamos sempre que somos melhores do que os outros, o que leva a que pensemos que nunca precisamos de grande esforço para fazer seja o que fôr. Quando começava a rolar a bola na Suíça, (esse país de gente estranha que paga balúrdios por um queijo com buracos), já todos embandeiravam em arco, como se a vitória Lusa fosse uma certeza inabalável. Muitos reforçaram essa certeza com o facto de que estaríamos quase a jogar em casa, de que éramos a equipa com mais apoio de todas as 16 que por lá se encontravam. Uma coisa é certa, deve ter sido a única equipa a encher estádios de 15.000 lugares para um simples treino! E o pior é que os que encheram esse estádio de Neuchatel, todos os dias, pagaram, também esses, balúrdios por um bilhete de merda, que apenas dava direito a assistir a meia dúzia de macaquices protagonizadas por gajos com nomes tão reles como Cristiano Ronaldo ou Petit, e sem direito a queijo sequer. Se algum deles tiver roubado as meias ao Petit, pode ser que tenha tido a sorte de encontrar por lá um aromazinho a bom Emmental suíço, pelo menos. . .
Da parte dos atletas, notou-se um à vontade em tudo característico dos Portugueses, como se a merda do campeonato já estivesse ganho à partida. Da parte dos técnicos, as parcas palavras davam a entender que a relação entre os mesmos e os directores tresandava a fezes de canino, muito por culpa do despeito demonstrado por estes últimos ao proferir uma série de declarações por mim consideradas como lesa pátria, dignas de umas boas chicotadas se estivéssemos na Idade Média e de uma deportação para o Tarrafal, se o Dr. Salazar ainda fosse vivo.
É verdade! Aquilo que o “Bigodes de Aveiro” arrotou pela boca fora terá sido o maior indício acerca do maravilhoso “casamento” entre orgão federativo e equipa técnica. Refiro-ma à infeliz tirada proferida pela boca cariada do Sr. Madaíl, quando, sem vergonha nenhuma na cara, refere que poderia ter despedido o pugilista Brasileiro após a tentativa frustada de combate despoletada por aquele gancho de esquerda da treta. Até parace mal, ó Sr. Madaíl. . . o senhor até é de uma terra de pescadores, de gente da faina e tudo. . .não sabia que pela boca morre o peixe? Pois. . . eu compreendo, mas devia saber! Para a próxima não se esqueça, ok? Se a houver . . .
No final desta merda toda, quem ficou a perder foram os mesmos desgraçados de sempre, melhor dizendo, o povinho crente e expectante, que via este Europeu como única consolação para a sua condição de eterno enrrabado. Ficaram a perder os emigrantes, que gastaram a pasta toda em bilhetes para treinos sem direito a queijo sequer e que agora já não têm carcanhol para alugar o Bayerische Motoren Werke ou o Mercedes-Benz para virem ao seu Portugalzinho comer os bolinhos de bacalhau que a tia Micas tão carinhosamente prepara com a sovaqueira! Ao menos não morrem como tordos nas estradas espanholas, pelo menos este ano. Consta que Graciano Saga iniciou por estes dias uma greve de fome como protesto por esta situação tão nefasta. Quem também passou às jornadas de luta foi a Brigada de Trânsito da Guardia Civil de Espanha (aqueles que têm aqueles barretes manhosos, tipo cangaceiro do primeiro mundo, só que virados do avesso), protestando pela previsível falta de condutores embriagados (com o garrafão vazio no lugar do morto, claro) nas estradas espanholas este verão.
Daqui a quatro anos há mais pão e circo para todos, na sua versão Tugamenistanesa, ou seja, mais tinto carrascão e futebol . . .

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